O MENINO RISONHO

Era ele, menino, ciente de sua missão:

Sorrir e transmitir carinho a quem quer que seja.

Assim sorrindo, foi crescendo

E crescendo se fez rapaz

E rapaz, sem querer, foi feito soldado.

Em pouco tempo, o soldado risonho

Era a alegria daquele quartel

Onde soldados e oficiais, se riam do seu sorriso.

Nem mesmo a guerra, que maldosa foi chegando

Apagou o sorriso dos lábios do risonho

Que sem saber porque

Foi mandado para o FRONT

E entre tiros de granadas e canhões

Prosseguia sorrindo, acalentando os feridos

E enterrando os mortos.

Certa noite, numa patrulha,

O soldado risonho encontrou um soldado inimigo

Esse, desarmado, gritou: - Me mata de uma vez!

- Se te matar, eu choro.

Respondeu o risonho baixando o fuzil.

O inimigo, percebendo a hesitação

Sacou seu punhal, atingiu-o no peito.

O risonho caiu, respirou fundo,

Fechou os olhos, calmamente,

Sorriu profundamente

E morreu.

21/05/1987.

Publicado no livro "Canto Mestiço" em 2004.