Poema Pagão

Emperrei num poema sem nome

Tentei um nome curto, outro longo

Um que dissesse tudo, um que fizesse mistério

Um cômico, outro sério

Mas ainda estava lá meu poema indigente.

Fumei sucessivos cigarros

Um trago, outro trago

Cocei a cabeça, encarei a tela

Roí as unhas, franzi a testa

E meu poema lá sem etiqueta.

Pobre poema, coitado.

Não vai constar no prefácio.