Auto-análise

Não te quero mais... É, eu não te quero, mas... Ah, estou tão confuso com a gramática que vem colocando limites sentimentais em minha vida. Obrigam-me a não por pronomes oblíquos em começos de frases, mas como diria-te 'te amo' sem que assim seja? Que venham os sentimentos, oras! Se assim for pra ser, que aconteça; mas por que é que tenho que senti-los se sei que me maltratam a alma?

Talvez, todo esse ceticismo seja pose; talvez, seja só medo. Só? Não, não é só medo. É medo de ser só, eu acho, mas já o sou há tanto tempo que até venho me acostumando...

Deveria eu dizer-te 'amo-te' - e assim, respeitar a gramática -, mas se dissesse 'te amo', creio que você também me entenderia. O problema é que eu mentiria em ambos os casos e brincaria com os sonhos - os teus sonhos - e devoraria todo resquício de esperança que resta em ti.

Perdoa-me por não poder mentir. Perdoa-me por não poder perdoar-te. Perdoa-me por não poder ser outro senão eu. Se pudesse, seria; como não posso, aceite-me e suma.

um poeta da noite
Enviado por um poeta da noite em 26/09/2013
Reeditado em 13/07/2020
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