compartilhando alguns versos

Numa seqüência de desafios

da caminhada solitária, navegando rios extensos

Muitas águas (distantes) se encontram com as minhas

Levando esses gravetos que marulham

Na espuma da correnteza

Vejo-me agora

Entre o breu e o nada

Esse vão entre a realidade e a palavra

Essa queda infinita aos meus abismos

Ao profundo poço fundo

Esses encontros com o impossível

Essa incapacidade de criar mundos

Em que neles possa viver

Ah, sei... crio mundos de outros tempos e lugares

De mundos inanimados

Na frieza do barro

Na dureza, densidade da pedra

De gentes que jamais me dirão palavra

Que jamais estenderam braços em carinho

De versos que o vento e as lágrimas levam

De olhares que se dissipam

De tudo que se esvanece

Das coisas que não duram,

Sei bem criar mundos que me atravessam.

“Bandos...trespassam-me e sei...

Passam.

Abraço formas vazias

Inutilmente.

Ah... como eu queria ter braços tentáculos

Capazes de reter alguma coisa.” (Maria Helena Sleutjes in: "Presença", Rio de Janeiro, 2001.)

Alessandra Espínola
Enviado por Alessandra Espínola em 16/04/2007
Reeditado em 16/04/2007
Código do texto: T451567