Sereia

Na onda quente do mar,

Pula a menina, num salto.

Mergulha como criança.

E esquece que não está só.

A praia, quase deserta,

É convite a viajar pelo ego.

Num expressar de sensações contidas, há tanto.

Mergulha e molha os cabelos.

Num jogar para trás quase natural.

É sereia do litoral,

Mesmo morando comumente longe das areias.

Desce a serra duas vezes ao ano.

Para não perder o bronzeado.

Gosta de manter-se dourada, quase um sol.

E de irradiar sua sapequice em meio aos garotos.

Já passou dos dezesseis.

Mas não está perto dos trinta.

De vinte e duas primaveras

Assoprou a última vela.

Num biquíni bem pequeno,

Com florezinhas a estampar,

A mocinha sorri, buscando olhares.

É dona de olhos verdinhos

E cabelos castanho-escuros, quase pretos.

Não precisa suas atitudes, apenas age.

E contorna a alucinação alheia

Apenas com o olfatar do seu perfume.

É sereia com interior no sotaque.

E audácia na esperteza do agir.

Caminha na orla, tranquila,

À procura de quem lhe melhor fizer saltar os olhos.

Não caça, descansa...

Estirada de costas na areia branquinha.

Mais tarde, um chopp ou suco de abacaxi.

Para tornar ácida a língua, ansiosa.

À noite, um requebrar dos quadris.

Numa canga, para chamar a atenção.

E depois, um luau, à beira-mar.

Até raiar o dia.

Até subir a serra, de novo.

Com lembranças na bagagem.

E algum telefone novo na agenda do celular.

Para quando quiser relaxar

Ter quem escolher ligar.

HELOISA ARMANNI
Enviado por HELOISA ARMANNI em 08/10/2013
Código do texto: T4516455
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