Visita a uma Tia Velha
Axila cansada exala odor naftalínico.
Idéias mofadas acordam memórias
e efervescem em ondas que
arrastam ruidosas correntes oxidadas.
No ladrilho disforme do corredor úmido,
o reflexo do quadro torto se distorce
em visão labiríntica e revela
uma percepção limitada
pelo curto espaço do tempo registrado
num pergaminho indigesto,
mantido inteiro por traças em protesto
ao carcomido anuário da tia.
(que muito pouco valia
porque tudo era sétimo dia)
As mãos cadavéricas coçavam o dorso do
gato desnutrido que herdou do falecido.
A goela, em estupro invertido,
“amorcegava” todo sentido,
mandando pra dentro e devolvendo
pro tempo os sorrisos efêmeros,
constrangidos pelo sal da emoção
que cursava os sulcos do bigode
chinês – parte do semblante
esmaecido, adornado por cabelos
crescidos e ensebados.
Que não ficam mais eriçados...