Poema da poetisa a uma linda moça inocente

Não, moça linda, não se engana:

não tem o tal amor a boa fama

que os poetas assim declamam...

Quando os instintos reclamam,

quando a razão for se perder,

assim o amor irá lhe aparecer.

Moça, no começo ele lhe ufana,

mas, ao fim, se verá só humana

no seu pranto desconsolador.

Assim, o que chamam de amor

há de conduzir a sua vã vida...

Linda moça, há de ver perdida

toda a razão que lhe concede

Deus, quando você, tola, cede

aos caprichos de um macho.

Ele lhe fará ser o "seu cacho",

e cacheada será eternamente...

Eu lhe digo, não simplesmente

por ter comigo a sua amizade;

mas por ter sabido essa verdade

da dor do amor tão desavisada:

Já fui, sim, a moça apaixonada,

tão citada em prosas e versos,

mas que se jogou nos adversos

por no tal volúvel amor acreditar.

Vá por mim, é perigoso o amar!

É a mais sutil (e vil) armadilha:

a ponte que lhe tirará da sua ilha

e conduzirá ao mundo do sofrer.

No fim, a ponte há de desaparecer,

deixando-lhe confusa e sem solução

neste mundo repleto de desilusão!

Thaís Soledade
Enviado por Thaís Soledade em 14/10/2013
Reeditado em 14/10/2013
Código do texto: T4524829
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