Céu de chegadas

Não me desperte o melhor do mundo.

Apenas queira o bem necessário aos nossos defeitos.

Cultive a conotação drástica das minhas palavras.

Elas são suas.

Poesia, como disse grande homem, não pertence a quem escreve.

Poesia é pra quem precisa dela.

Mas não se prenda a minha concepção assimétrica, meus versos pontuados e minha verborragia incontrolável.

O tecnicismo é apenas um véu perdido nos entremeios do meu ser. É uma arma contra o simples, mas é um erro crônico também.

O que importa não se comporta em nenhum tipo regra gramatical ou convenção literária.

E, sendo eu mesmo uma vítima incólume do desespero, você já deve saber que aquilo que eu significo é muito mais confuso do aquilo que eu carrego através da minha existência.

Não que eu exista apenas pela metade.

Não que eu não seja eu mesmo.

Na verdade, eu simplesmente não sei existir.

Eu não sei muitas coisas. Eu apenas as faço.

Se as faço de uma certa maneira, talvez seja a única maneira que me caiba.

Ou, quem sabe, a única que consigo.

Mas o que eu consigo ou o que faço não delimitam a minha incongruência.

E, no tocante aos seus olhos semiabertos, o que me importa é o que cativas.

O que cativas em mim e naqueles que são meus por mera adaptação natural.

Não consigo exigir muito da sua tradução.

Mas peço que nunca se deixe levar pelos meus restos.

Nunca se perca nas minhas entrelinhas, elas não influenciam nosso meio, só me servem de caminho alternativo diante de um tal universo que me é supersensível.

O que é nosso nunca deve ser meu, ou seu, ou de ser nenhum.

E, se sou estranho, ainda mais estranho são meus ínterins.

Alguns tão complexos que não conseguem se propagar.

E, você, sendo a melhor alternativa para meus devaneios, seria a realidade abstrata perdida pelo descansar dos meus olhos.

Agora eu enxergo com toda a clareza seus átomos.

E, se nunca ninguém viu átomo algum, eu enxergo os seus, quando te trato por realidade abstrata.

És minha. Aqui, no tangente dos meus dedos.

Somos nós no recanto calmo dos ideais mais inspirados.

Fernando Cesar
Enviado por Fernando Cesar em 21/10/2013
Código do texto: T4534523
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