Aos amores que amei

Cabe ao consentimento duvidar

Das palavras que ouvi

Dos sorrisos que causei

Das histórias que vivi

Dos amores que amei.

Cabe à saudade suspeitar

Das certezas que perdi

Dos desejos que cantei

Das nuances que tingi

E das letras que plantei.

E, se o passado, num instante eu visitar,

Sentirei, às minhas veias, o dever de elucidar

À fonte das pulsações e dos pulsares,

A quintessência de prazeres e pesares.

Ao criminoso potencial de cada lágrima, me refiro.

De cada gota de suor outrora amável, abdico

Pois a verdade é que confuso, enfim, repouso

De dores despido, por sonhos envolto.

Ao esquecimento, cabe me lembrar

Quanto às fraquezas que venci

Quanto às tristezas que ostentei

Quanto aos versos que colori

Quanto aos amores que amei.