Meu canto de dor

Foi-se o que eu mais amava nessa reúna, a passarada.

Foi-se a ninhada, foram-se os bichos, ficaram os vícios,

E uma vontade louca de recomeçar outra caminhada.

Ver você vestida de santa a comandar meu hospício.

Vozeio pelo escuro, apalpando desejos mórbidos.

No peito o mal dado, pelas costas, amigos sórdidos.

Ando de lado, esquivado, em caminho espremido.

Espancando idéias até merecer ser ouvido.

Vem meu canto encher ouvidos desocupados!

Uma sonora gargalhada, uma toada, um pranto.

Seja o que for pouco importa seu espanto.

Quero banir o silêncio, pra além dos barrancos.

Uma sonora gargalhada, uma toada, um pranto.

Seja o que for pouco importa seu espanto.

Vem meu canto encher ouvidos vagos!

Quero banir o silêncio, pra além dos pagos.

Vem meu canto se assente nessa reúna.

Traga seu afago para estes andarilhos

Que por perderem seus filhos,

Vem cevando mate com caúna.

Vem meu canto, doce encanto de mais uma.

Seja consolo, no solo árido pisado pelos calejados

Amacie o andar dos que se perderam em pranto.

Seja mais um remédio santo, a curar os desalmados.

Vem ó canto inundar esse momento

Ocupar esse silêncio, que é saudade e dói.

Faça sua parte como faz o carneador.

Que para sufocar o boi na dor.

Mata,... depois roí.