Na vitrola toca um Pink Floyd
Embriagada de uísque muito caro,
carente de sonhos e um bom sarro,
sigo a vida de encontro à morte.
No silêncio dos dias, à deriva,
Vejo a alma tão frágil e sentida
por nada que sabe ou que pode
deitada sobre um tapete escuro.
Pelas estrelas, na noite procuro;
e na vitrola toca um Pink Floyd.
A quietude noturna me incomoda,
e a inquietação me transborda
de uma emoção que arde, morde
por sobre a pele maltratada
de tanta decepção acumulada
e nenhuma ideia que conforte.
Vejo-me uma sombra soturna:
diante de mim, a aura noturna
e na vitrola toca um Pink Floyd.
Transpasso a noite numa agonia
de ser Madalena e também Maria
(não que isso lá me incomode!)
Rasgo-me na dolorosa saudade
que no peito cansado me invade.
Deixo a memória dele à sorte
do meu viver e também morrer.
Lá fora, desponta o amanhecer
e na vitrola toca um Pink Floyd.