Sem a Memória das Razões

Ainda que muito me procure,

recolhendo ilusões a esmo,

receio que ainda dure

esta ausência de mim mesmo.

Reencontrar-me, urge, a qualquer dia,

pois foi por essa estrada, inóspita assim,

que meus pés desabitaram de alegria,

no caminho da busca por mim.

Mas, do espanto das mãos cheias de poesia,

nascem folhas, esvoaçando ideias loucas,

e os meus medos se calam para a fantasia

de não ouvir o murmúrio das sarcásticas bocas...

E me reencontro com meus inquietos bem-te-vis

- nos telhados do meu tempo, cantando desejos e paixões,

cegos e surdos a idades ou estados civis -

para caminhar sem a memória das razões...

Santiago Cabral
Enviado por Santiago Cabral em 04/11/2013
Código do texto: T4556402
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2013. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.