Silêncio

Que diz agora esse silêncio?

Será que algo tem a dizer?

De que é feito esse silêncio?

Não pode ser do nada, pois o nada é vazio.

Silêncio não é vazio, é preenchimento total de espaço.

Porque tão bem faz o silêncio?

Silêncio que aparece assim sozinho...

Por hora, acompanhado de Coltrane,

Outrora, acompanhado de saudade.

Mas sozinho se faz mais presente, e mais bonito.

Será dádiva sagrada, que nos leva ao encontro d´alma?

Será castigo dos ouvidos, por ouvirmos apenas o que nos convém?

Ou será o silêncio um mensageiro de algo que virá?

Os suspiros nele soam mais que mil gritos;

As dores nele se amenizam;

As perguntas saltam uma a uma a frente das respostas;

As vontades ganham força quando se faz silêncio a dois,

em noite fria, ou manhã de chuva.

O silêncio que antecede um sorriso sincero;

Que pune os corações necessitados de declarações de amor;

Que finaliza a conversa, tendo mais sentido que qualquer outra palavra;

Deve ser ele na verdade, o ápice da vida,

O ressuscitar da inocência,

A maturidade dos sentidos,

O ultimo patamar da poesia,

A evolução sublime da paz.