Ainda era primavera

Quando eu passava incógnita por uma rua comum,

um alguém formoso e digno de nota sorriu-me, estendeu-me a mão,

despojando-se (metaforicamente) de sua toga, de seu traje soberbo.

Lembrando-se, talvez, de um fugidio ontem sem data certa,

em que o cenário montado pela vida era outro...

Olhares atentos, acompanharam aquele gesto,

espiando, curiosos, pela porta entreaberta do passado,

o inusitado encontro de um "alguém", com um "ninguém"....

Alguns segundos a mais e pronto!... a porta se fechou

sem data certa para reabrir...

...e tudo voltou ao normal.

Sozinha, prossegui no conhecido itinerário

libertando-me do mais ínfimo pensamento.

E,tão desimportante e singela como a nuvenzinha branca

que pairava sobre minha cabeça,sorri,

cumprimentando as flores que encontrei pelo caminho.

Lembrei-me apenas de que, apesar de todas as alterações do tempo,

felizmente, ainda era primavera...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 10/11/2013
Reeditado em 08/09/2016
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