Ainda era primavera
Quando eu passava incógnita por uma rua comum,
um alguém formoso e digno de nota sorriu-me, estendeu-me a mão,
despojando-se (metaforicamente) de sua toga, de seu traje soberbo.
Lembrando-se, talvez, de um fugidio ontem sem data certa,
em que o cenário montado pela vida era outro...
Olhares atentos, acompanharam aquele gesto,
espiando, curiosos, pela porta entreaberta do passado,
o inusitado encontro de um "alguém", com um "ninguém"....
Alguns segundos a mais e pronto!... a porta se fechou
sem data certa para reabrir...
...e tudo voltou ao normal.
Sozinha, prossegui no conhecido itinerário
libertando-me do mais ínfimo pensamento.
E,tão desimportante e singela como a nuvenzinha branca
que pairava sobre minha cabeça,sorri,
cumprimentando as flores que encontrei pelo caminho.
Lembrei-me apenas de que, apesar de todas as alterações do tempo,
felizmente, ainda era primavera...