Para meu Poeta

Cabe ao poeta,

Decidir quantas penas,

Cabem em suas mãos?

Cabe a ele,

Somente a ele,

Decidir que amores

Quer em teu peito?

Decidir quantos corações

Quer dentro de si?

Quantas batidas diferentes,

Quantas melodias ele deseja ouvir?

Ah poeta!

Deixe que a dor do prazer lhe tome

Assim como a virgem se deita ansiosa

Deita seu peito sobre a vida

E goza de seus prazeres

Goza loucamente destas loucuras lúcidas

Poeta,

Carrega contigo quantas penas precisar

Escreve nas folhas do vento

No espelho das águas

No chão pisado

Na boca das salamandras

Deita e toma a vida pela boca

Em teus braços

Sente a vida em teu corpo

Sente sua força

Deixa esta roda girar desenfreada

Até que te lancem dela

Ou ela saia do eixo

Ai terá um eixo teu

Um gozo somente teu

Um fôlego entorpecente

Por fim, deita-te na chuva

E deixe que ela escolha a pena,

Deixe que ela seja a tinta,

Que escreva sobre teus amores,

Gozos e pirações.

Deixa ela te levar a alma

Para um mar de água salgada

Onde outros se deitam e gozam.

Dimas Reis
Enviado por Dimas Reis em 20/04/2007
Reeditado em 21/04/2007
Código do texto: T457396