Para meu Poeta
Cabe ao poeta,
Decidir quantas penas,
Cabem em suas mãos?
Cabe a ele,
Somente a ele,
Decidir que amores
Quer em teu peito?
Decidir quantos corações
Quer dentro de si?
Quantas batidas diferentes,
Quantas melodias ele deseja ouvir?
Ah poeta!
Deixe que a dor do prazer lhe tome
Assim como a virgem se deita ansiosa
Deita seu peito sobre a vida
E goza de seus prazeres
Goza loucamente destas loucuras lúcidas
Poeta,
Carrega contigo quantas penas precisar
Escreve nas folhas do vento
No espelho das águas
No chão pisado
Na boca das salamandras
Deita e toma a vida pela boca
Em teus braços
Sente a vida em teu corpo
Sente sua força
Deixa esta roda girar desenfreada
Até que te lancem dela
Ou ela saia do eixo
Ai terá um eixo teu
Um gozo somente teu
Um fôlego entorpecente
Por fim, deita-te na chuva
E deixe que ela escolha a pena,
Deixe que ela seja a tinta,
Que escreva sobre teus amores,
Gozos e pirações.
Deixa ela te levar a alma
Para um mar de água salgada
Onde outros se deitam e gozam.