A chuva chegou numa garoa

Um chegar manso de pingos pronunciados

Sonora entrada desta que chega molhada

Como uma cortina inclinada, vem lavando

Encharcando o chão e minhas pegadas.

Olhando contra o mato uma persistente neblina.

A semente num vôo lançada aos maços.

Bebe chuva e incha, se solta em varão, doces laços.

Sob uma quincha, desinibida, silenciosa menina.

Alguns se enganam, querendo enganar a vida.

Que segue escorrida, em gotas anchas.

Aparam chuva com as mãos em conchas.

Na vã pretensão de acumular alegrias.

Tal qual semente me entrego ao vento, aos maços.

Não desejo mais do que tenho, meus laços.

E assim sem muito critério vou indo aos tombos.

Pronunciando o mistério quando findo, aos pingos.