RESSURREIÇÃO

O tempo ficou me espreitando.

Por alguns imensos segundos, o tempo parou.

Mudo, estático, imoto.

Houve uma implosão do tempo.

E o que era acima, ficou abaixo.

O que era manso, virou furacão.

Partiu-se o tempo em mil estilhaços,

fendeu-se o véu do mundo.

No console do carro, ganhei a rua.

De volta à casa materna, ganhei um abraço

há tanto esquecido, perdido nas areias do tempo.

E no tempo a tempo, no dia a dia, fui ganhando:

tempo de lazer, tempo de mudar, tempo de colher.

Plantei também: sobrou-me tempo. Cresci.

Eu não queria, não sabia que queria.

Anestesiado, amputado dos sonhos.

Fiz meus planos, ganhei espaço, ganhei tempo.

Ganhei leveza nos passos, mais largos.

Viver! Agora é moda. Na roda viva da vida, ganhei

meu carrossel. Minha roda gigante, montanha russa.

Agora vivo os dias e as noites que antes sequer sonhava.

Solto minhas pipas ao vento, ando em nuvens.

Palmilhando minha estrada, não há barreiras;

Renasci.

Fortuna
Enviado por Fortuna em 16/12/2013
Código do texto: T4614559
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