Se essa rua, se era a rua
A última vez em que brinquei na rua
me disseram pra não entrar pra casa.
Teimei, me sentindo adulto.
E cortaram cruelmente a minha asa.
Depois disso, estava grande
Cercado por coisas que não sabia fazer.
A barba, a mentira, o medo
Disseram que isso e que era o prazer.
Na rua, meu lugar foi ocupado
A mim, sobrou a calçada.
Homem é serio e direito,
criança é quem fica na rua,
[criança é quem da risada.
Nunca mais machuquei meu dedo no asfalto,
o sapato apertado me protege.
O que machuca agora são os joelhos
Posto que lá de cima gritam:
[reze
Corro dessa dor insuportável
de pecar sem ser, de fazer sem ser pecado.
Nesse corredor de janelas baças
só me resta olhar pra rua em que já reinei.
Agora ninguém me diz pra não sair
Agora ninguém deixa que eu vá.