A Ultima Viagem

Tão pequena sobre seu ultimo leito

Solitária? Sentia frio? Saudades?

Partiria em longa viagem

Meu rosto petrificou

Coloquei-me de pé a um canto

Observava nós duas no silêncio mortal

É o fim? É o começo?

Nesse instante é certa a minha metamorfose

Meu olhar não é de medo

nem de dor, nem de fuga, nem de nada

Nada é isso dentro de mim ao olhá-la

Todo o nosso tempo desfila em segundos

Penso no quanto teria sido amada

quantos sonhos teria tocado

e se havia sentido medo do fim

Quem havia aquecido as suas mãos

Aquecido as suas madrugadas uivantes

quando uma matilha se alimentava da sua carne

E ela ali encolhida nas horas esperando um amanhecer

Não creio que tenha visto o sol novamente

Não como ele deveria ser visto ou sentido

Ela desenhava o seu sol no imaginário

Nos dias de sucessivas dores...todas as dores

As que os remédios não contornavam

As da solidão... ah solidão!

Era a sua ultima estação, fria... fria... fria...

Teria desejado um beijo na face que lhe viesse como

agasalho?

A um canto, petrificada, observo o corpo sem vida

Não há como soprar a vida nele

A vida se foi... deixou-o ali, inerte

E eu não sei mudar isso... não sei...

Simone Stone
Enviado por Simone Stone em 14/01/2014
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