A sombra do gato!

Espanto!

Gritei ao ver a sombra na parede.

O meu reflexo me acompanhava

e insistia em me perturbar.

A febre de meus olhos,

subitamente interrompida!

Um gato preto atravessou a sala e sentou-se ao meu lado no sofá.

Ficamos a observar a minha fantasmagoria. Sede de agonia!

A mesa que trazia a beleza de um vaso com rosas,

sobressaltou aos meus olhos ao ser tocada por um vulto.

A porta se fechou com um toque sútil

e uma música orquestrada em notas escuras buliu a minha alma.

O espírito descobriu o sentido de tudo

e a vida se fantasiou de caramelo,

um doce que as crianças brincam quando vão comer.

Decidi seguir minha sombra e questioná-la!

Sagaz, quando me aproximei, ela fugiu.

Abriu a janela e saltou ao encontro da tempestade.

O forte vento entrou,

o vaso caiu da mesa em cima do gato que morreu em prantos.

A porta abriu novamente e o som da música findou.

Na memória ficou o pó que perturbava as minhas vistas, e o

[sopro de um inseto nos meus ouvidos.

Nada mais!

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