A Voz do Trovão
"Não estou aqui de brincadeira"...tonitrua o trovão.
E de seus imaginários imensos dedos
desprendem-se raios de indignação...
Enquanto o sobrecenho fecha-se, cinzento.
Mas, quando se pensa que vai mandar o fogo incendiar a Terra,
desmancha-se em águas não menos poderosas...
É todo um grande despejar de lágrimas retidas
de avisos implícitos, que os homens reverenciam, temem ou odeiam.
...mas nunca podem ignorar.
Tonitruar é um verbo magnífico...um ribombar de poder.
E, o mais poderoso dos homens sobre a Terra..
jamais poderá chegar ao cume da mais alta montanha
e ser a voz do trovão, anunciando transformações.
Mas,aqui embaixo, todos disfarçam sua inquietude,
cerrando as persianas das salas carpetadas...
onde ocorrem outro tipo de tempestades - as cerebrais.
Fingindo não ouvir nem ver, o que a natureza lá fora quer dizer.
E as pessoas comuns, como eu, correm nas ruas procurando abrigo,
donas de casa apressam-se em recolher as roupas do varal.
Crianças assustam-se,pássaros voam em bandos...escondendo-se.
e as janelas fecham-se, instantaneamente...
Mas o trovão, pai de todos os temores,continua, imbatível
tonitruando nos ouvidos que não marcaram em sua agenda
a volta de um primitivo sentimento ancestral...
Enquanto isso, a previsão meteorológica de todos os jornais
só anuncia "chuvas e mau tempo"...nada mais...