A Voz do Trovão

"Não estou aqui de brincadeira"...tonitrua o trovão.

E de seus imaginários imensos dedos

desprendem-se raios de indignação...

Enquanto o sobrecenho fecha-se, cinzento.

Mas, quando se pensa que vai mandar o fogo incendiar a Terra,

desmancha-se em águas não menos poderosas...

É todo um grande despejar de lágrimas retidas

de avisos implícitos, que os homens reverenciam, temem ou odeiam.

...mas nunca podem ignorar.

Tonitruar é um verbo magnífico...um ribombar de poder.

E, o mais poderoso dos homens sobre a Terra..

jamais poderá chegar ao cume da mais alta montanha

e ser a voz do trovão, anunciando transformações.

Mas,aqui embaixo, todos disfarçam sua inquietude,

cerrando as persianas das salas carpetadas...

onde ocorrem outro tipo de tempestades - as cerebrais.

Fingindo não ouvir nem ver, o que a natureza lá fora quer dizer.

E as pessoas comuns, como eu, correm nas ruas procurando abrigo,

donas de casa apressam-se em recolher as roupas do varal.

Crianças assustam-se,pássaros voam em bandos...escondendo-se.

e as janelas fecham-se, instantaneamente...

Mas o trovão, pai de todos os temores,continua, imbatível

tonitruando nos ouvidos que não marcaram em sua agenda

a volta de um primitivo sentimento ancestral...

Enquanto isso, a previsão meteorológica de todos os jornais

só anuncia "chuvas e mau tempo"...nada mais...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 26/01/2014
Reeditado em 11/03/2017
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