OUTONO SEM NÓS
Que triste a manhã que nasce com sol pálido
iluminando os vagões vazios da tarde
sem assentos para nós, sem estações
sem endereço de destino, sem nós...
Que macabro esse sorriso do céu
mostrando dentes de gélidas agulhas
a molhar com ausência a mortal carne
dos meus olhos cegos de tanto te não verem...
Que triste o jardim que se esqueceu de mim
nada me dizem as rosas nada me falam
nada me devolve o verde, hoje tão opaco...
Com calma milenar recolho-me para dentro
de lembranças nas que não caibo mais
a minha memoria devia ter-se enfraquecido
mas lembro cada uma das folhas da árvore que fui
lembro cada outono, cada golpe do machado...
cada golpe...
Concha Maria 30/11/13