PROMESSA VIVA
Uma caixa vazia
guarda tudo que não tenho
como conversa que passasse
em tardes que nunca vieram
E meu poema não nasce
meu poema chora dentro
esse seu pranto irreparável
dos não-natos...
Uma caixa vazia
para a morte sem cadáver
talvez seja essa
a expressão máxima da saudade
dias em que dói em mim
tudo que eu não sinto
e a vida um simples contemplar
dos quatro cantos de um selo
duma coleção da infância
que nunca cheguei a fazer
doíam demais os emigrados...
queime pai, queime as cartas
cicatrizes ferozes
navalhas de ausência....
chorei vendo os aviões sempre
ainda choro, e o tempo voa...
levando as cousas eu não fiz
e agora Maria ?
como reparar o irremediável... ?!
A vida me contou que ela
ainda espera para me redimir
no último segundo...
por todos os tic-tacs vazios
soando na caixa do relógio
A vida me prometeu a vida...
Concha Maria 8/12/13