Esperando o outono...
Se, agora, não podes dizer tudo que espero
derramando água cristalina sobre meus versos escaldantes
se não podes ser gentil, terno ou compassivo.
Deixe todas as mentiras pra quando o outono vier
quando uma brisa há de tornar tudo mais suave
e a beleza da paisagem, refrigério para a alma.
Se não podes abandonar esse impulso de caminhar
por toda extensão do árido deserto,
só pra chegar ao oásis que eu criei pra mim.
E,aqui chegando, beber toda água que ainda me resta.
Depois consumir meu alimento, sem pedir licença....
Se não podes evitar tudo isso...
ao menos deixe-me ficar aqui em silêncio
esperando dias mais amenos...
Porque uma só palavra tua pode ser fagulha
incinerando os mais profundos sentimentos...
Deixa-me agora conservar, então,
tudo que agora tenho em mim, de bom ou de mau.
E quando vier a nova estação
tuas mentiras soarão como poemas...
que escreverei nas páginas de meu caderno
entre inofensivas folhas mortas...