CLOWN

Como um personagem

de Ionesco, guache e coxo,

caminho solitário,

falando sozinho

e esperando o mimetismo

de me ver transposto

em mim mesmo.

Afronto a carranca

de truão, de meu irmão

na vida. Vibro da intensidade

das chamas alheias.

Espero ver-me revertido

em fruta e em pão,

no olhar do outro.

Olho a chispa

do impensável.

Amo os meus dessemelhantes.

os que fizeram de mim

esta notória dissidência.

Ricardo S. Reis

Ricardo S Reis
Enviado por Ricardo S Reis em 30/04/2007
Código do texto: T470130