R.I.P.

R.I.P.

Ainda que exista D-E-U-S-E-S superiores aos nossos,

Seremos fiéis aos que nos deram vida.

Mesmo com orações sem respostas francas,

E esperanças já falecidas.

-Alguns brinquedos estão quebrados,

Então; conserte-os.

-Ah, não se esqueça daquele banco manco:

Metáfora:

Anáfora:

O Banco Manco,

banco que balança como seu andar meio mole, afeminado.

banco que acomoda o moço assustado.

banco que um dia se cansará e se quebrará com nosso peso.

banco que te derrubará quando for trocar uma lâmpada e não:

Te deixará sair ileso.

Eis então a Morte:

Deusa obscura,

Rainha incomparável,

Senhora dos remorsos,

Fera indomável

Leva todos sem esforços.

Bagunça em quarto teenager

Cheirando álcool, maconha e sexo.

Livros abertos, inúmeros marcadores de página,

Livros espalhados; grifados; recortados; amaldiçoados.

Alguns com marcas de lágrimas derramadas por engano.

Outros, repletos de características das personagens.

Ele e eu cuidamos dos nossos filhos mortos,

Temos cuidado com nossas preciosidades.

Ele está morto!

Eu sou um jovem; irresponsável, inconsequente,

Imaturo e mais um monte de “i”.

Depois que ele se foi,

Ando nu pela casa.

Sinto falta do coito,

Sinto falta do jantar que era sempre às oito.

Quero: Amar leve e baixinho.

Quero: Levar seu fantasma apaixonante até meu túmulo.

Quero: Ôuvir sua voz de mansinho.

Quero: um “ALÔ” .

Sinto falta do nosso reino homossexual

Dois reis em completa harmonia celestial,

Na política, na cultura e em cada ato sexual.

Agora, somos um:

Você pensa, eu escrevo

Eu respiro, você inspira

Você: Yang.

Eu: Yin.

Você: França; romântico; flores; perfume; vida.

Eu: Antártida; realista; gelo; vazio; luto.

R.I.P.

Lucas Guilherme Pintto
Enviado por Lucas Guilherme Pintto em 27/02/2014
Código do texto: T4708278
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