Em outros carnavais...
a madrugada devora meus sonhos previsíveis
sem quase nada devolver...
além de algumas lembranças fugidias...
de cenas, que hoje, me parecem tão reais,
mas eram apenas fantasias...
cores abusadas que eu vi desfilar
sob meus olhos extasiados
de um outro carnaval...
e, acredite, ou não...
eu era "a pierrô" de purpurina
levando um branco alaúde de isopor
em frente à bateria...
e... até hoje, perplexa...
não entendo porque fui feliz igual criança...
repetindo estrofes de quem nem lembro
num improvisado bloco do interior.
batendo um coração de menina,
num andrógino traje de trovador.
são esses sonhos tão longínquos
que me procuram, madrugada adentro
"ridículos como as cartas de amor do poeta"..
memórias que deveriam ficar escondidas
pela ousadia de serem tão simples...
e por terem acontecido num outro mundo...
de outros inocentes carnavais...