Em outros carnavais...

a madrugada devora meus sonhos previsíveis

sem quase nada devolver...

além de algumas lembranças fugidias...

de cenas, que hoje, me parecem tão reais,

mas eram apenas fantasias...

cores abusadas que eu vi desfilar

sob meus olhos extasiados

de um outro carnaval...

e, acredite, ou não...

eu era "a pierrô" de purpurina

levando um branco alaúde de isopor

em frente à bateria...

e... até hoje, perplexa...

não entendo porque fui feliz igual criança...

repetindo estrofes de quem nem lembro

num improvisado bloco do interior.

batendo um coração de menina,

num andrógino traje de trovador.

são esses sonhos tão longínquos

que me procuram, madrugada adentro

"ridículos como as cartas de amor do poeta"..

memórias que deveriam ficar escondidas

pela ousadia de serem tão simples...

e por terem acontecido num outro mundo...

de outros inocentes carnavais...

Mareluz
Enviado por Mareluz em 02/03/2014
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