Sem Título 57

Jamais te deves importar com a tremenda acção, música,

textura, ritmo, cadência, métrica, desenho, estética, género,

química, física, massa, espaço, tempo, contexto, situação,

rima, estrofes, versos entre outros longínquos atributos

perfilados da poesia, isso é muito e muito antes, logo

depois... cá e lá a bater-te em toda a dimensão do ser

fremente aqui e acolá... É cirúrgico futuro por vir, mas já

veio ao pensamento intemporal!

Basta então antecipares-lhe suas partículas invisuais,

depois romperes as entrelinhas das camadas onde com a

mesma indiferença prevês o tal sentido relativo, exacto,

profanando consoante a sinfonia metamorfose da melodia.

É nesse instante momento sobrenatural que vais sentir e

escutá-la adivinhando-lhe a restante beleza porvir. A poesia

nunca mais será a mesma, um desregulamento torrencial

infinito metafísico, sendo-a apenas!