Campa minha

Se a poesia está em mim

Quero morrer em poesia

Fechar a tampa com classe

Deitar-me com fidalguia

Se a poesia vira pó

No pó encontrarei poesia

E da campa calma e sem tampa

Quero apreciar a luz do dia

Se a poesia estiver na morte

Com um pouco de sorte

Morro de tanta poesia

Pode ser romântica ou parnasiana

Simples, rebuscada ou sacana

Basta exalar poesia

E no silêncio do sepulcro sombrio

Estarei ao relento sem sentir frio

Lendo Florbela por toda a noite

Jamais acordando, relendo Rimbaud

E todos os mestres da Academia.

José Benício
Enviado por José Benício em 11/03/2014
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