A VIAGEM DERRADEIRA

EM VERSOS HENDECASSÍLABOS

Quando eu me for, na viagem derradeira,

Partindo da vida, por rumos incertos,

Marchando, como uma simples passageira;

Trilharei meu rumo, com passos libertos!

Quando enfim eu partir pra eterna morada...

Ausente estarei, do palor da alva aurora,

Será o fim, de uma longa caminhada;

Não perceberei o valor de cada hora!

Espalharei rimas, com versos de amor,

Já que do além, não te verei exultante,

Nem mais voltarei, seja em que tempo for;

E ao pressentir meu olhar tão sorrateiro,

A espreitar cada gesto do teu semblante,

São os meus olhos em vigília - escudeiro!

(Interação, ao belíssimo SONETO EM DERRADEIRO ACENO, do

poeta amigo, PUETALÓIDE.)

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Belíssima interação do poeta JAIR LOPES. Grata, mestre!

NO MEU LEITO DE MORTE

E, quando chegar meu momento derradeiro,

marco final desta banal tão longa vida;

menos cinzenta que tanto mais colorida,

garanto-vos, houve mais amor que dinheiro.

Vivi sempre à sombra de afeto verdadeiro,

fui apaixonado pela minha assídua lida;

nada mais que minha aviação tão querida,

esta a qual me levou pelo Planeta inteiro.

Trago no peito agradecimento por tudo,

que na existência tão longa me coube então,

desde meu doce lar, até quem me deu estudo.

Quando, portanto, eu deitar naquele caixão,

gelado, inconsciente, imóvel, teso e mudo,

digo que as escolhas que fiz, muito boas são.

Aila Brito
Enviado por Aila Brito em 13/03/2014
Reeditado em 17/05/2021
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