Um dia...

Um dia os teus lábios hão de beijar minha face

E os teus olhos, em vão, buscarão os meus

Tuas mãos, quem sabe, procurando as minhas

Imóveis e frias sobre o leito meu.

Um dia tua voz há de ecoar vazia

Prometendo vã, aos ouvidos meus,

O teu amor eterno, a palavra doce

Que em minha vida não aconteceu

Um dia, em pranto, hás de chorar sozinha

Todos os prantos que me fez sofrer

Teus pecados todos, que ocultei calado

Sendo humilhado pra te proteger

O dia vem, e já será tão tarde,

E a Justiça trôpega há de me encontrar

Em marmóreo leito, corpo enrijecido,

Dela debochando e os meus lábios sorrindo:

- Parto desse mundo. Por ti fui esquecido.

Tudo o que fizeres, nada há de mudar!

Moses Adam, 2003

FVasconcelos, 2014