Alma de Minas

Uai, Minas Gerais,

das minas de ouro,

das gemas demais

que traz mal agouro.

Minas d'água sem fim,

as "minas" prendadas

que bordam cetim

em avarandadas.

Êta povo mineiro,

habita as montanhas

com jeito faceiro

e sutis artimanhas.

Pão com manteiga e café

o sono cedo elimina,

calça na bota o chulé,

vai, que o gado rumina.

Nos beiços o pito

fede que nem satanás,

em breve, do trem o apito

notícia fresca que traz.

Compadre, basta de prosa

que a roça anda fraca,

reza oração milagrosa

prá chover bosta de vaca.

Sente o cheiro no ar

de nova conspiração,

vem vindo devagar,

desconjunta o chão.

Acabam os minérios,

a idéia baratina,

dissolvem os mistérios

da alma de Minas.

Brasília, 20 de maio de 2003

(Poema feito durante a caminhada de 12 dias entre Minas e São Paulo, no Caminho da Fé)

Humberto DF
Enviado por Humberto DF em 03/09/2005
Reeditado em 04/04/2006
Código do texto: T47375