SOZINHO

Eu fico falando sozinho.

Não sei se é deus. Confesso que falo.

Alguém imaginário, otário.

Fico deitando queixumes.

Num monólogo interminável.

Eu fico falando com alguém.

Buscando trocar pensamentos.

Assentando consentimentos.

Mas eu fico falando sozinho.

Não ha resposta a não ser essa intuição

Que me faz escrever.

Continuo falando sozinho.

Recolhendo carinhos, beijos, abraços...

Que como faço sentir não sei.

Deixa eu te falar, me escuta.

Isso não é uma disputa, me escuta.

Quero poder dizer da chuva de agora.

Da aragem fria de fora, do recesso.

Dos gestos que me fazem lembrar.

A chuva nas arvores se atrasou.

As gotas se alongam, é o pesar.

Todos temos.