Diabos na garrafa

Meus diabos guardo numa garrafa

Quando quero fazer maldades

Abro-a e pego conselhos diabólicos

Se me arrependo rezo feito cristão

Rogo sincero por perdão.

Se estou numa porta de igreja

Dou-lhes desprezo, os desconjuro

Mas quando estou indo pro gueto

Levo-os como amuleto seguro

Se a garrafa se quebra e um deles foge

Encontro-o na sarjeta

Comendo ratos, lambendo lixo

Ou aos finos tratos e etiqueta

De black-tie e muito luxo

Esses antagonismos convivem

Sem intervenção governamental

Faço minhas guerras, minhas tréguas

Minhas brisas transformo em temporal

Vivo em fronteira minada

Entre o que sinto e o que finjo sentir

Solto meus diabos nos sonhos, na madrugada

Prendo-os enquanto vivo a sorrir.

José Benício
Enviado por José Benício em 22/04/2014
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