O DEFUNTO

O morto,

ao ser enterrado lado a lado com sua irmã e filha esquecida

a sete palmos bem salgados

de herança lembranças deixou

que aos poucos se engoliam e desbotavam em etéreas matérias.

Para além do bem ou para o mal,

a sua chama azul verdes e vermelhos criou

abrigando gerações de tempos e aromas

num quintal vertebrado.

Seu corpo fugiu.

E engolido raízes deixou.

Dos vermes trouxe a semente da vida.

Agora, estava no pomar,

no bico dos pássaros,

no horizonte estupefato e no calmo rio

que lhe revelou...

Deixou de ser as restantes palavras

para estar em todos os lugares.

Mas isso ninguém mais sabia.

Ser humano no ventre da natureza.

Victor Ricardo
Enviado por Victor Ricardo em 10/05/2014
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