Dia - a - Dia
Quatro e trinta da manhã
Tenho de levantar bem cedo
Na garrafa café
Preto e forte
Saio pelas ruas e vou sem medo
No peito o motivo da minha fé
Ao temo minha sorte
Minha jornada é dura
Não chão de fábrica
Minha luta
Dou um beijo nas crianças
Minha intenção é pura
E nada abala minha esperança
Um abraço na mulher
Me despeço: vai com DEUS
São cinco e meia
O ônibus lotado
Empurra, empurra
Não tem ir sentado
Que loucura
São quarenta minutos em pé
A coisa é feia
Mas meu sorriso e minha fé
Não me deixam desistir
Quando volto pra casa
As crianças já foram dormir
Minha mulher cansada
Da longa jornada
De uma dona de casa
O salário é curto
O desafio é imenso
Os filhos pequenos
O motivo de minha alegria
A imagem de Nossa Senhora Aparecida
Em cima da cômoda
Me protege todos os dias
Quanto as quatro e meia do dia seguinte
Tudo vai de novo começar