Evitando retardados!

o estouro

demais

tão pouco

tão gordo

tão magro

ou ninguém.

risos ou

lágrimas

odiosos

amantes

estranhos com faces como

cabeças de

tachinhas

exércitos correndo através

de ruas de sangue

brandindo garrafas de vinho

baionetando e fodendo

virgens.

ou um velho num quarto barato

com uma fotografia de M. Monroe.

há tamanha solidão no mundo

que você pode vê-la no movimento lento dos

braços de um relógio.

pessoas tão cansadas

mutiladas

tanto pelo amor como pelo desamor.

as pessoas simplesmente não são boas umas com as outras

cara a cara.

os ricos não são bons para os ricos

os pobres não são bons para os pobres.

estamos com medo.

nosso sistema educacional nos diz que

podemos ser todos

grandes vencedores.

eles não nos contaram

a respeito das misérias

ou dos suicídios.

ou do terror de uma pessoa

sofrendo sozinha

num lugar qualquer

intocada

incomunicável

regando uma planta.

as pessoas não são boas umas com as outras.

as pessoas não são boas umas com as outras.

as pessoas não são boas umas com as outras.

suponho que nunca serão.

não peço para que sejam.

mas às vezes eu penso sobre

isso.

as contas dos rosários balançarão

as nuvens nublarão

e o assassino degolará a criança

como se desse uma mordida numa casquinha de sorvete.

demais

tão pouco

tão gordo

tão magro

ou ninguém

mais odiosos que amantes.

as pessoas não são boas umas com as outras.

talvez se elas fossem

nossas mortes não seriam tão tristes.

enquanto isso eu olho para as jovens garotas

talos

flores do acaso.

tem que haver um caminho.

com certeza deve haver um caminho sobre o qual ainda

não pensamos.

quem colocou este cérebro dentro de mim?

ele chora

ele demanda

ele diz que há uma chance.

ele não dirá

“não”.

João Bezerra Do Nascimento Neto
Enviado por João Bezerra Do Nascimento Neto em 18/06/2014
Código do texto: T4849767
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