Fritando Berinjelas

É gozado como algumas coisas nos ocorrem nas horas menos esperadas.

Passei a tarde cultuando a chuva, e as gotas de lágrima trazidas com ela

Pela tempestade característica dessa minha estação.

Procurei a tarde toda por uma inspiração

Algo que descartasse ao menos um

Dos meus tantos volumes

Densos pensamentos,

Companheiros fieis por costume

Pois não é que foi no sofrimento de uma berinjela

Que me aparece uma maluca ideia?

Apareceu também um mosquito...

Pedi com gentileza "saia daqui seu mosquito

De cima da minha berinjela

Sai logo de cima da minha comida, sai mosquito

Pois logo também você será comido"

E ele consentiu!

Me diverti um pouco com a situação

E pelo sucesso de minha autoridade

e me voltei ao sofrimento da pobre berinjela

De repente, o riso deu lugar a uma careta mórbida

Olhei aquele alimento, o qual eu defendera segundos antes

De seu terrível inimigo - o mosquito.

Meu inconsciente, sem minha autorização

Associou nossas histórias

Minha e da dona berinjela

Pensei em como ela era antes de eu colocá-la sobre toda essa pressão externa

Sim! Pois eu duvido que ela tinha por objetivo para quando “crescesse”

ser frita, enegrecida, enrugada e devorada.

Então pensei no mosquito novamente

Sarcasticamente, ri

Considerando que, àquela altura, nem vivo o bichinho estava mais

Então enumerei uma série de coisas vivas

Que me pressionam, me causam mal, me causarão...

Nos falsos, nos traidores, nos malvados

Pensei em todas as minhas crises existenciais

E, sem muito orgulho, sorri novamente..

Por que no fim tudo há de ser comido!!

&lis*

19.05.2014

Elis Maria
Enviado por Elis Maria em 22/06/2014
Código do texto: T4854562
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