Carta ao poeta

Não te posso falar de meus medos,

Enterrados estão na minha garganta.

Não te posso contar meus receios,

Presos estão à minha história.

Sou alguém que luta com a memória,

Que desafia o tempo e o destino.

Não te posso falar dos desejos,

Sufocados estão dentro de mim.

Não te posso contar meus sonhos,

Desfeitos foram pelo tempo e fim.

Sou valquíria, sem passado nem futuro,

Que brande um escudo contra o mundo.

Poeta, na matriz do poema há um sonho findo,

Na raiz desse sonho oculto, a nostalgia,

A sombra de uma falta atroz que desnorteia,

A saudade imensa, que se traduz em poesia.

Shirley Carreira
Enviado por Shirley Carreira em 14/05/2007
Código do texto: T486605
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