DESEJO

No começo era o verbo e o verbo se fez emoção
adornado em poemas de carne viva.
Desejo.
Amellie mítica
Amor e volúpia sob o véu e alma nua.
Amellie mística
Sensualidade e candura.
Menina
Mulher
Saboreava suas palavras impressas
e a via esplendidamente nua em desfile na Barra
Ipanema
Alimentando meu desejo.
Saboreava Amellie
Salivava Amellie em longas noites de insônia
enquanto um outro dia aniquilava meu ser.
Sonhos que me levavam à culminância
de desejo que no desejo perdura.
Amellie mudou a forma de meu sonhar...
As noites eram degraus,
desnorteadas galerias,
invadia minhas insônias sem cerimônias,
despida de vestes,
sob o corpo diáfano a exuberância libidinosa.
Contudo coberta por uma camada fina de inquietude
à procura de calmaria.
Em noite transtornada me arrancava o coração
e o exibia à turba ensandecida.
Nas manhãs frias das paredes rubras do meu quarto
prefixado em amor e desejo
Amellie me atira em sua rede de mármore
Vazia
Oca de mim...

Amellie se revela verdadeira, inteira:
fêmea faminta e farta de deserto.
Necessito, como Demócrito arrancar os olhos e pensar.
Fundirei as mãos ávidas em seu precioso colo.
Pele macia.
Seios fartos onde jorra o leite e o mel.
Sorriso largo à espera do beijo
E nesse meigo declive saciarei o desejo que assalta meu sono.