Seio Mundo
Seio mundo,
Seio tempo,
Saber, arte materna
que sob o peito dos homens se faz pedra.
O branco das manhãs em cegueira láctea,
ausência líquida povoando as distâncias,
anéis e nuvens em ninhos suspensos.
E, sobre a terra, auges secretos
de idas e vindas entre a alma
e as enseadas da pele,
por vezes brutas.
Seio mundo,
Seio tempo,
Saber denso, saber a hora,
que as vontades crepitam no teto aberto que nos guarda.
E o braço da dor encolhe no nado,
e viagens desertas rumo a um tecelão de nomes
descobrem não mais que seu atraso
e um mural de dúvidas.
Sabe-se vago, sabe-se sólido
o saber que toca os lábios como o idioma dos vivos,
primeiro beijo urgente e esquecido
entre as névoas macias e mudas.
Seio mundo,
Seio tempo,
Sei que o viver se precipita do alto e à frente
quando no verso e no fôlego o chamo às planícies sem idade da carne.
O resto, eu sei,
fez-se pedra.
RF
17/07/2014
aprox. 20h07