Memória
Quando chega a noite dos tempos,
aquela em que as estrelas
ocultam-se na escuridão
só a memória persiste
aconchegando-me em seus braços
embalando-me os sonhos...
Essa memória, eu escolhi pra mim,
quando cortei tudo que era indesejável
preparando-me para as noites
sem nenhum brilho exterior.
Mas, não quis faze-las seguras,
como um dia claro, nem preenche-las
de um inventado amor...
Também, não quis fazer história
cheia de fatos e cronologia...
dessas em que as provas eliminam
o herói, o mito e a fantasia...
Nem perseguir a verdade incontestável
a que todos têm direito...!
Só reuni o que de mais belo existia
para povoar este mundo interior
feito de verdade e imaginação...
Lembranças do que testemunhei
e ninguém viu...
De tudo que guardei para guiar-me
em noites de profunda escuridão.