HAVIA!(Uma poesia aos “Senhores da Guerra”)

Havia

Soldados nos campos, pessoas em prantos.

Havia

Mil corpos deitados, cobertos por mantos,

Tingidos de sangue, suor e areia,

Na lama alheira

Mil corpos deitados.

Havia

A tinta vermelha (não é mentirinha),

Tudo saía da veia,

Cortada, rasgada por balas e sabres.

Eu sei e tu sabes:

É tudo isto em vão.

Mas os senhores de terno e gravata

Afirmam ser tudo pro bem da civilização.

Havia

Mulheres famintas, viúvas chorosas.

Havia

Ninfetas da dor, sem “grana” ou amor.

E diante das fardas

São mui corajosas!

E as crianças, os frutos da guerra:

Sem pais, nem destino,

Sentindo na pele um carinho felino

Da fome, das balas.

Menina ou menino

Vendendo o corpo, as forças e os sonhos

De um tal “o que serei quando estiver grande?”

Havia

O “País da Alice” transformado em trevas.

A “Terra do Nunca”, nunca mais a mesma.

Sumiu até a “pedra do meio do caminho”.

A pedra virou pó, a bomba foi o moinho.

Hoje, só há o caos?

Há!, hoje,

A guerra!

Por terra para uns poucos,

Lutada por muitos...

Coragem dos loucos,

Todos sem saber o que fazem ali.