O TRABALHO DO FUTURO

Que a minha carteira de trabalho

Esteja cheia de versos quando eu me for,

Isso é coisa que já não posso pedir,

Mesmo que também não possa não desejar.

Quando pela primeira vez eu

Me vi como poeta,

Estava contando parafusos.

Ele, então, riu de mim.

Já noutro lugar, ao virar pesadas caixas de fumo,

Era a poesia que me fazia continuar,

Mas também era ela, ainda ela, sempre ela,

Que o fazia rir.

Hoje trabalho num laboratório

Amanhã, não sei.

Dá trabalho ser poeta.

Dá trabalho achar lugar pra poesia.

Dá muito trabalho ser poeta!

Mesmo que ser poeta

Jamais tenha sido

O meu trabalho.

E ele continua rindo

Seja por maldade.

Ou, quem sabe, apenas o seu trabalho.

Vai saber...

Talvez ele também seja poeta

Com alguém a rir da sua poesia.

Lucas Esteves
Enviado por Lucas Esteves em 20/08/2014
Reeditado em 20/08/2014
Código do texto: T4930516
Classificação de conteúdo: seguro