O rosto do menino.

Enquanto repara o seu prato em uma tremenda agonia, eu me preparo. Vou atuar! Enxergar o mundo que nunca tive a chance de conhecer, em um sol escaldante que me fará evaporar em alguns segundos.

Sou seu, menino! Despeje-me sobre esses vazios recipientes que te entristecem! Liberte-me sob o pretexto da sua aflição. Conceda-me o mundo, o mesmo mundo que te largou jogado e sem um grão de arroz, o mesmo grão de arroz que mergulha no lixo do banquete do rico. Se entregue. Simplesmente, chore!

É o seu fim. Reconheço. Para um duro menino que enfrenta a vida na maior adversidade possível. Com a rispidez estampada no rosto, já foi herói o suficiente! Na maior hombridade dos homens, eu senti que queria me deixar escapar, mas me segurou! Foi forte até onde deu, não dá mais.

Caí, suave. Acariciando seu rosto, menino!

Passeando em cada centímetro da sua face que denunciava sofrer.

Sofreu até onde deu...

Vou-me embora, em meus poucos segundos de vida! Nasci nas tuas pálpebras superiores, das tuas glândulas lacrimais. Sou lágrima morta a partir de então.

Tu vais em seguida, em seus 10 anos de vida. Nasceu em uma África judiada, largado pelos pais e pelo mundo, hoje morreu de fome.

Fron Monseus
Enviado por Fron Monseus em 23/08/2014
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