Andarilho Errante

O medo é como um velho andarilho errante

Caminhando perdido. Sem rumo, sem norte.

Encantoando-se pela floresta, sua eterna amante,

Tentando seduzir a vida e encantar a sorte.

O andarilho... Segue os passos silentes da suçuarana

Ao desvendar a noite e explicar a morte.

O medo... Penetra no íntimo da natureza humana

Inundando de insegurança o ser mais forte.

O andarilho... Margeia lentamente as terras da ribança

Rasgadas furiosamente por águas caudalosas.

O medo... Equilibra-se no limiar da desesperança

Em busca de heresias capitais, impiedosas e mundanas.

O andarilho... Sente o vento tumultuar a calma,

Invadir a mata, misturando sons, cheiros e cores.

O medo... Ataca as profundezas da mais infausta alma

Causando tonturas, calafrios, palpitações e dores.

O andarilho observa o lento rastejar da serpente

Precisa encontrar seu rumo, renascer pra vida.

O medo é um mistério, revelado em sua mente,

Resultante das saudades e tristezas de sua alma ferida.