As Montanhas Sagradas do Caparaó

Peregrino por essas montanhas sagradas em busca de paz.

Caminho em silêncio, sozinho, na noite escura,

Ando devagar. Não tenho pressa, nem destino...

Percebendo minhas aflições as montanhas guiam meus passos,

Sem deixar marcas nas trilhas gastas pelo tempo.

O vento da madrugada, forte e gelado, corta o espaço infinito.

Penetra em meu corpo e atinge minha alma,

Como a lança pontiaguda do guerreiro Tapuia.

Sei que não estou tão só como imagino,

Sinto a presença de Deus a meu lado,

Quero sentar-me em uma pedra e clamar por Sua ajuda.

Porém, uma força maior empurra-me montanha acima.

Peregrino por essas montanhas sagradas, na esperança de falar com Deus.

Chego ao cume! Sinto Seu sopro acariciar levemente minha face.

Estou cansado, prostro-me à grande cruz cravada na pedra e choro...

As lembranças se misturam em minha mente, confundindo meus pensamentos.

Verdades e mentiras; angústias e euforias; tristezas e alegrias.

Aproxima-se o momento da sublimação, necessito renovar meu espírito,

Purificar minha alma. Fugir das tentações dos outros caminhos.

No horizonte a noite se faz dia, a luz modifica o espectro...

Silenciosamente, assisto ao majestoso espetáculo da criação.

Um pássaro senta-se ao meu lado, permanecemos imóveis.

Oro em silêncio...

Minha alma está radiante, leve, feliz...

Posso retomar meu caminho. Deus não me abandonou!