MINHA VIDA

Pensando nesta longa estrada,

que já caminhei – estou na casa dos sessenta –

vejo com bons olhos tudo o que vivi, tudo o que fiz.

Às vezes, como num filme, o passado se me apresenta,

e vejo que, em alguns momentos, fui feliz,

em outros – confesso – nem tanto.

Entretanto, o balanço é positivo

e espero com ansiedade

o que ainda me resta por viver.

Creio que existam caminhos que ainda não sei,

alguma novidade por descobrir,

novos sonhos ainda por sonhar.

Com a idade me tornei mais paciente,

bem mais simples e verdadeiro.

O tempo me ensinou que tudo é passageiro.

Até aquilo que me consome de cuidados e de preocupação,

rapidamente perde o colorido

e se torna passado, fica desbotado.

Não quero ser contaminado pelo vírus da ambição.

Não quero ganhar sozinho na loteria,

quero condividir com outros meu milhão.

Quero continuar com minha vidinha simples e boa.

Por que, às vezes, se algum bem possuímos,

nos sentimos poderosos e nos achamos senhores do mundo,

cavamos entre nós e os outros um fosso profundo.

Há que se tomar cuidados, porque nesta vida tudo passa.

Amanhã, quem sabe, podemos ser nada.

Talvez o pó da terra levado pelo vento!

De repente, tudo acaba,

não ficando sobre nós uma só palavra, um pensamento.

Então, deixa eu aproveitar,

chegar na janela e repirar o ar puro da manhã,

enquanto existe manhã,

e enquanto existe ar que se possa respirar.

Deixa eu elogiar a beleza do dia,

demonstrar a minha alegria

de ver o sol nascer

e a tudo iluminar com sua luz.

Deixa eu olhar para o horizonte

- enquanto o horizonte a vista ainda alcança.

Deixa eu sonhar, ter esperança,

enquanto minhas cansadas retinas

ainda podem captar um pouco mais da beleza das coisas.

Preciso acreditar,

que a minha vida é muito mais do que apenas estar no mundo.

É preciso ser no mundo,

preciso acreditar que minha vida faz sentido.

Preciso olhar com calma e com bastante atenção.

Olhar com os olhos do coração.

Preciso crer que ninguém chega,

que ninguém sai desta vida, sem achar o caminho,

sem deixar sua pegada no chão,

sem deixar um sinal,

indicando para os outros a saída,

mostrando que fora da caverna existe a verdadeira vida.

Geil Gaspar
Enviado por Geil Gaspar em 28/08/2014
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