DRY MARTINI (Nova Elegia 1938)
Enfastiado de dístico elegíaco,
o mundo já estava quase pronto em 1938,
embora há muito fosse velho, resmungão e teimoso.
Em sua homenagem construímos uma casa
tijolos vermelhos na floreta de bétulas
e depois plantamos duas rosas,
construímos muros,
derribamos muros e tornamos a erigi-los,
pois não se pode misturar a igualdade.
A Grande Máquina globalizada não distingue dia e noite.
Heróis enchem bailes funk em bibliotecas abandonadas
enquanto drones circulam entre os mortos e vivos.
Nada mais pode estragar nossas melhores horas de amor e ódio,
protegidas por circuito integrados de segurança por satélite.
Não temos mais tempo a perder, só infindáveis imagens para engolir.
Se ele confessou sua derrota, jamais saberemos.
A felicidade coletiva foi adiada para outro século.
Não este ainda, outro,
porque hoje, afinal, não se pode, sozinho, dinamitar o mundo inteiro,
não sem antes tomar um dry martini em algum hotel em Saadiyat.