Coração

Caminhando pelas

calçadas sem dar

a mínima para o

rebanho de gente

indo e vindo

sem parar.

Mentes podres,

almas pobres.

Ao longe enxergo

um letreiro enorme

com letras de cegar

os olhos.

A-Ç-O-U-G-U-E

Entrei no

estabelecimento.

Aquele cheiro

de morte

no ar.

Grandes pedaços

de carne balançando

pra lá e pra cá

como se ainda

tivessem vida.

Pedi ao atendente

um coração fresquinho.

O fulano

me vira as costas

e entra numa

porta branca

e depois de alguns

minutos volta

ele com o belo

orgão vital.

Pego em minhas

mãos, e sinto

aquilo ainda

pulsando

sem parar.

Saio,

dou alguns passos

e abro meu peito.

Com muita

dificuldade

arranco a pedra

de gelo que

carrego dentro

de mim, por

muito anos.

No seu lugar

boto o coração

novinho.

Lanço o pedaço

gelado pra tráz

que se espatifa

pelo chão.

Sigo a andar

sem rumo

pela vida

em busca de

novos amores

e

novas dores.

Até meu coração

congelar novamente.

Gilson Jr
Enviado por Gilson Jr em 01/09/2014
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